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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Trabalho escravo, ainda

"Desejo e reparação

Depois do consumo vem a culpa, e é ela que vem me consumindo depois de ter feito a farra do high street (nome que os ingleses dão às lojas de fast fashion). Empolgada com os preços imperdíveis do varejo londrino, me rendi às mais diversas pechinchas (vestidos de £ 10 - cerca de R$ 28; sandálias de £ 8 e bolsas de £ 2) e hoje sigo atormentada por dramas éticos.

O clique veio quando um amigo me perguntou se eu não via "a mão ensaguentada de uma criança asiática" no meu adorável e barato vestido de flor. Desde então passei a questionar a procedência das peças e buscar informações sobre os processos de produção de companhias como Top Shop, Zara, H&M e Primark, essa última cercada de suspeitas acerca do uso de trabalho escravo e infantil. Sem muito encontrar, a solução que achei para matar o desejo imediato, manter o cartão de crédito num limite saudável e ser feliz sem lesar nenhuma criatura humana foi investir no vintage, me jogar nos brechós.

Se para cada desejo há uma reparação, eu agora vou de brechó e sem culpa nenhuma."
publicado no jornal "O Tempo" (BH), de domingo, 20/06/2010, coluna de Natália D'Ornelas.
Vale a reflexão.
abraços,

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