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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Anestesia, etc...



Anestesia
Penso que consumir em excesso, desenfreadamente, é uma forma da gente se anestesiar, digamos assim, diante da própria vida, não?
Pois hoje em dia, a gente vê diariamente, multidões,correndo às compras. Nem estou falando de festas como o Natal, etc, Páscoa, onde todos se vêem premidos pela NECESSIDADE de comprar ovos de Páscoa, chocolates, etc... e nem é pelo significado cristão!
Bem, minha cidade BH, não tem praia, mas tem muitos shoppings e .... barzinhos. É a capital nacional dos butecos. Tem um festival famoso aqui, 'comida di buteco'. Di, com i mesmo.
Famoso. Os tiragostos mais saborosos são inventados a cada ano, mais e mais gente vindo, outra necessidade criada.
Bem, voltando ao início. Fim de semana então, é um horror. Não tem praia. Vamos pro 'xopim'. E tome gente andando prá lá e prá cá. Quem pode comprar, compra. Quem não pode, 'zóia', e pronto. Uns ficam felizes só olhando, outros, frustrados até a alma.
Bão, todo mundo anestesiado, voltamos prá casa, após comer uma (ou várias) pizzas, sorvetes, sandubas, cocas, etc. etc. etc.... todo mundo tomou sua dose e vamos pra rotinazinha de mais uma semana, etc...
E questões muito fundamentais do ser humano passam 'batido'. Ninguém pensa, nem quer. Vamos nos divertir. Vamos 'curtir a vida'.
Ok, tudo bem, nada contra. Mas... onde a gente se 'REALIZA' no meio de tudo isso?
Será que não tá faltando um SENTIDO, algo que nos diga 'prá que'?
Sem querer brincar, fui ao dentista semana passada e recusei a anestesia. Meu primeiro dentista, há décadas, só usava anestesia em dois casos: tratamento de canal e extração. O resto era o motorzinho 'zuimmmmmmm' e a gente lá, uns subindo pela cadeira, outros, nem tanto. Pois eu prefiro ir sem anestesia do que sair com a boca torta, só pra passar um motorzinho e tirar lá uma cariezinha? O dentista achou que eu tava brincando, mas acabou concordando. Foi muito melhor, e olhem, não doeu nada!!!!

Bem, tem hora que não tem jeito. Vamos de anestesia. Como quando retirei o útero. Ia encarar sem anestesiar? Eu hein, já custei prá encarar com anestesia! Bom, voltando ao primeiro post, sempre procurei um sentido prá minha vida. E quando entrei na faculdade, na década de 70, nem era ainda a PUC, mas a UCMG, abriram meus olhos. A gente já estava estudando sobre a sociedade de consumo, sobre a necessidade que criam prá nós de estar sempre consumindo, de como 'antigamente' as coisas eram feitas prá durar, e 'agora' (1972) já eram feitas prá durar pouco e a gente voltar pra comprar mais, etc. Aquilo me abriu os olhos!! Vi que as 'coisas' não eram tão inocentes assim.
Já era o neoliberalismo? Não sei.
Mas eu que já tinha minhas encucações de busca de sentido para a vida, e já tinha descoberto que em Deus tudo tinha sentido (para mim, pelo menos) embora eu quisesse algo mais específico, uma 'causa' a que me dedicar, etc... continuava lendo e buscando muito.
Li uma vez uma estorinha Zen sobre a 'Arte de amansar o touro'.
Depois de uma longa peripécia para amansar o boi, retorna-se ao primeiro quadrinho, onde tudo se originou. Só que agora iluminado(a).
Essa estorinha circula pela internet. Achei-a nesse blog, para quem não conhece, mas há outros textos mais enxutos e até mais sucintos.
http://macroscopio.blogspot.com/2005/03/10-touros-de-kakuan.html
Acho que estamos na fase de 'amansar o boi'. Descobrir nossos motivos, domá-los, etc... até chegar à iluminação, onde podemos descobrir que talvez precisemos tirar um 'cisco' do olho, que nos possibilite enxergar o que é realmente IMPORTANTE para nós.
Não fomos criados para sermos CONSUMIDORES. Somos 'GENTE', seres HUMANOS, com sentimentos nobres, bacanas, carregando uma tremenda 'marca' que nos distingue dos outros animais. E que muitos parecem ter jogado no lixo. A RAZÃO deve iluminar nossa vida. E parece que tá apagada em muita gente.
Acho que tá faltando mais FILOSOFIA mesmo. E menos PROZAC, né?
Desculpem o devaneio.

Um comentário:

  1. Engraçado, eu to justamente lendo "Mais Platão, menos Prozac". Gostei do devaneio! =)

    Parece que as pessoas compram demais, comem demais, bebem demais e tomam muitos antidepressivos porque não se sentem bem consigo mesmas. A sociedade é meio cruel... tu é importante pelo que tu compra e pelo que tu aparenta, mas dificilmente pela criatura singular que tu é. No fim das contas, somos todos uns carentes: queremos ser aceitos e amados pela nossa essência, nada mais. Às vezes até tu duvida do teu valor como indivíduo, de tanto que vê as superficialidades serem supervalorizadas. É triste, sinto até um bolo na garganta quando penso nisso. Mas enfim, cada um tem a vida que escolhe, em boa parte. Que eu saiba escolher algo melhor que o padrão. =)

    Muito legal, o teu blog! Tem uns textos bem bacanas. Google me deu de presente, haha.

    Abraços, paz!

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